Férias. Toda a gente gosta de um tempo a volta da piscina, corpos despidos, por vezes totalmente, outras vezes só semi, espalhados pelas pedras da calçada que envolve a água. Corpos estendidos ao luz, bebidas frescas a sair do bar, uma pessoa desaparecida, protector solar espalhado pelo corpo, chapéus-de-sol a beira da água límpida, e o sempre prestável Zezé Camarinha para por o sempre prestável “let me put some cream” (desculpem aos brasileiros, e os restantes povos lusófonos, mas tinha de falar sobre o homem. Mas não tem nenhuma influencia no review). O que está aqui mal? Não, não é o Zezé, e o seu inglês muito técnico (outra piadinha de mau gosto), mas sim a pessoa desaparecida. É com este panorama que Cal Lightman se depara nas suas mini-férias (não sei se o Zezé estava presente…), no México, com a sua filha.
O caso começa com uma abertura muito pessimista, com uma filha a aparecer a chamar pela mãe. E é nesta inconstante preocupação que o caso se desenrola. Temos Cal a trabalhar no duro, sobre um sol escaldante, para salvar a rapariga, com a ajuda da sempre bela, mas desta vez um pouco mais, Ria Torres, e mais ninguém. É o primeiro caso em que Lightman anda no terreno, ele e ele próprio, a procura de justiça. Sem ajuda de polícias, armas e afins a persegui-lo, sem ninguém a traçar-lhe limites. O caso é interessante, consegue-se entrar no mundo clandestino dos negócios mexicanos, e tem um final feliz. E, para além disso, Cal teve tempo para relacionar-se com a sua filha, beber umas bebidas e assistir a todo o show do lado de lá da fronteira. E tudo em 6 dias, ou seja, muito bem espremidinhos.
E o que se passou do lado da fronteira? Um caso parecido ao que no outro dia ocorreu aqui em Portugal: uma troca inesperada, e, se cá deste lado do Atlântico, só afectou a vista. Desta vez o ataque é maior, indo até a morte. E de novo instala-se um medo absoluto, medo de um ataque terrorista. É isto me deixa algo com o pé atrás com os americanos: tudo o que é doença, tudo o que é problema, tudo vai dar a atentado terrorista. Mas, e deixando este pequeno pormenor (gosto tanto de pleonasmos) para trás, o que foi interessante no caso é ver a interacção entre duas companhias de mentira, que correm atrás de expressões faciais para desvendar casos. Jack Rader foi um de Cal, que parece que o esfaqueou pelas costas, deixando o seu mestre, para criar uma nova empresa, pois não gostava do papel secundário que, primeiro, tinha ele na empresa e, segundo, que a empresa tinha nos medias. Assim, decide arranjar o seu próprio chefe, e começar a trabalhar. O caso é interessante, apesar do final ter sido um pouco a pressa. Mas, para além do caso, houve aquela relação entre os dois chefes, cada um a trabalhar ao seu jeito, e tentando resolver o caso. E temos Loker a ser disputado por dois detectores de mentira ambulante.
Um pouco inferior ao anterior, Lie to Me ainda não desfraldou muito as expectativas. A série é regular, consegue prender, com aquela excelente abertura, e tem sempre a parte lúdica, de olharmos o comportamento das pessoas mais pormenorizadamente. Este caso teve a inovação de focar as caras, algo que se tentou na primeira temporada. Acho que seria muito mais interessante deixar o espectador sem guião, permitindo-o ir apostando na mentira. Pois cada gesto poderá denunciar o criminoso, e com estas aproximações, torna-se muito mais fácil adivinhar. Se a série continuar com o molde anterior, acho que ninguém ficava triste.