Agosto.
Mês solarengo, onde as temperaturas atingem o limite (fala-vos alguém
de Portugal). O mês dos corpos despidos, do bronze, do dia até
princípios da meia-noite. Era com estas promessas que o episódio se
apresentava: um episódio sorridente, quente, que fizesse esquecer tudo
o que se passou para chegar a Agosto. Um episódio de férias do (algum)
tédio que Fringe tem sido.
Mas parece que os argumentistas gostam mais do mês de Agosto do lado
sul do globo. Um mês frio, com neve, que recorda que ainda existe muito
caminho para chegar ao Verão. Um Agosto tristonho (diga-se, para abono
da verdade, que eu sou muito mais fã do Inverno que do Verão), onde se
mantém a lareira acesa dia sim, dia sim. Talvez esteja a exagerar um
pouco. Este episódio aproximou-se mais com a Primavera: o mal já
passou, mas o melhor ainda está para vir.
Com a mitologia The Observer a ser explorada pedir-se-ia mais a
série. Era um dos episódios ainda não tratados durante os episódios já
decorridos, apesar de termos conhecimento desta. Desta vez,
trouxeram-se novos elementos a fogueira, mas pouco mais. O episódio
abre em grande, como a maior parte dos de Fringe, que deverá ter as
melhores aberturas das séries. O problema é o que vem a seguir.
Seguimos a caminhada de August, um Observador. Mas, ao contrário do
que suponhamos, este não é a careca que conhecemos. August é outro
Observador e, ao longo do episódio, percebemos que existem muitos
outros. Uma rede espalhada, que abrange tudo o que interessa. August
abre o episódio a raptar uma rapariga nos seus 20 anos, utilizando para
isso uma arma futurista. E assim se abre o episódio, que deixou mais
questões no ar que as que respondeu.
Pois aquelas a que respondeu não foram mais nada que
meias-respostas. Comecemos pelo sentido de antecipação do ser careca.
Temos a comparação com um tubo de um líquido, uma espécie de viajante
do tempo, que consegue antecipar os acontecimentos da história. Para
além disso, a série repete a explicação da aparição mais repetida
destes seres: algo acontecerá na história e, para o aparecimento tão
repetido significa que nada de bom ocorrerá a humanidade. E foi isto
que o episódio trouxe. As questões essenciais ficaram por responder e
ficou um sabor de algo que falta ao acabar de ver este episódio.
E este sabor ainda fortaleceu mais quando da história da rapariga. O
que poderia ser interessante tornou-se unicamente um meio para se
descobrir algumas coisas do mundo dos seres carecas. A jovem rapariga é
raptada por um capricho do Observador que, para a tornar importante,
arrisca tudo, devido ao amor sentido. E, assim, sabemos que tudo na
vida destes seres é uma questão de lógica: se é importante vive, se não
é o destino é cumprido. O que nos poderá levar a concluir que eles não
são tão neutros como parecem.
O episódio prometia muito, mas deu pouco. A série precisa de
aproveitar melhor as oportunidades que lhe dão se não, das duas uma: ou
continuam a vaguear neste estilo e a ter estas audiências medíocres ou
arriscam mesmo num CSI:Fringe e talvez ganhem alguma coisa com isso,
visto que os Americanos gostam tanto de procedurals. Mas neste caminho
Fringe não se aguentará.